quinta-feira, 17 de maio de 2007

Campanha de criminalização da população quilombola chega ao Jornal Nacional!

Fonte: CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire)

Que há insatisfações no país por causa da ascensão da população quilombola à condição de sujeito de direito, sobretudo do direito à terra, disso ninguém duvida. Até porque alguns grupos políticos e econômicos têm se posicionado publicamente, como o Partido Democratas (ex-PFL) ou a Aracruz Celulose, esta última fazendo abertamente uma campanha de criminalização dessa população. Até aí há de se entender, pois se trata de interesses conflitantes: reparar e promover o direito legítimo da população quilombola às suas terras põe em risco a histórica trajetória de manutenção do latifúndio nas mãos da pequena elite agrária brasileira.

O que não dá para admitir é que uma emissora de televisão - que é uma concessionária pública do sistema de radiodifusão - use de técnicas de produção jornalística para criminalizar comunidades quilombolas, sem explicitar às pessoas que estão assistindo a sua “posição” em relação ao tema. Foi o que aconteceu na edição de 14 de maio último do Jornal Nacional, quando a matéria suspeitas de fraude em área que vai ser reconhecida como quilombola foi ao ar.

Não é a primeira vez que a Rede Globo faz manobras em suas edições. A novidade é o “alvo”. Para as pessoas mais desavisadas, ao assistir a matéria sobre São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, a impressão que passa é que uma quadrilha de criminosos, que se autodefinem como quilombolas, irá se apoderar indevidamente das terras dos pobres fazendeiros e irá destruir os remanescentes de Mata Atlântica existentes no local.

Sem contextualizar, a matéria em nenhum momento abriu espaço para as pessoas que se reconhecem quilombolas naquela comunidade afirmarem as razões pelas quais reivindicam o reconhecimento oficial de sua condição étnica.

Diante do fato, o Centro de Cultura Luiz Freire vem a público manifestar seu repúdio à Rede Globo e solidarizar-se com o movimento quilombola e com a comunidade de São Francisco do Paraguaçu.

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